ONDAS AGITADAS

Está tão bravio o mar,
Parece trombeta a anunciar,
Alguma novidade,
Dá medo somente de olhar,
A quanta intensidade,
Queria eu ter essa bravura,
Essa parceria com o vento,
Viver essa intensa loucura,
Bate rebate nas pedras impassíveis,
Queria eu não ter eus previsíveis,
Esse quieto comportamento,
Não ser esse lago sem movimento,
Queria eu ser onda agitada,
Destemida, espumada,
Inventar novas nuanças,
Entrar nessa dança,
Intempestiva harmonia,
Eu, o mar e a ventania,
Comungando loucos instantes,
Queria; mas, não faço nada,
O que faço é ficar parada,
Como uma criança assustada,
Calada ante o gigante.



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VERDE MAR

 Verde mar, verde, bravio,
que contemplo embevecida,
de tudo mais esquecida,
até mesmo deste frio
do vento que sopra e que corta,
adentrando a minha porta,
me enchendo de arrepios.
Quieta, muda, eu contemplo,
suas ondas, o movimento,
que ele faz no vai e vem,
do rodopio da dança,
que alimenta a esperança...
faço parte, eu, também.

 Mar de incontidos desejos,
mar dos amantes perdidos,
escuta, pois, meus gemidos,
os meus gemidos e meus beijos.

(HLuna)