Rio Da Existência
A existência é como um rio,
Que nasce das montanhas mais alterosas,
Descendo, imparcial, sobre seixos e rochas,
Rumo ao infinito, obscuro e vazio.
Foi em meio a uma planície,
Onde o rio cruza sereno,
Que meu barco, ora pequeno,
Adentrou por águas vivas,
Noite escura, horas frias,
Andou só, ao embalo do vento.
Pelas curvas e quedas,
Meu barco ainda está a navegar,
Dançando a dança das águas,
Longe de ser um conto de fadas,
Deixa o vento lhe levar.
As diversas embarcações,
Seguem por seus caminhos,
Barcos velhos, ou meninos,
Navegando seus destinos,
Por diversas gerações.
Vejo barcos adentrarem,
Nesse rio da existência,
De maneira aleijada,
Ou com certa conveniência.
Meu barquinho vai viajando,
Ora por águas calmas, ora, intranquilas ,
Às margens, vários barcos ancorando,
Sobre as pedras repousando,
Como o orvalho sobre orquídeas.
Do alto, ouço o Grande Almirante,
Com sua voz de trovão,
Coordenar com astúcia a ação,
Dos barqueiros viajantes,
Em seus barcos flutuantes,
Sobre o rio da imensidão.
Há vinte e seis léguas,
Vem meu barco a navegar,
Seguindo um legado de eras,
Indo em busca de um mar.
Segue, segue, meu barquinho!
Em busca da foz celada,
Sob as ordens do Grande Almirante,
Veleja, firme e constante,
Pelo rio de nossa estada.
Se à margem não parar,
Ao final vou ancorar,
Em terra firme vou pisar,
E as cordas do meu barco, amarrar.
Para trás eu olharei,
Imponente ele estará,
Grande rio da existência!
Que jamais acabará.