Impulso miserável

Olhe para esse infinito de merda

Flutuando aos seus olhos de merda

Sambam esses verdes malditos

Você e seus amores fodidos

E é sempre a mesma ladainha

É, cara, tenho pena de você

Como tenho pena de todos e de mim

Porque esse é um ciclo que não tem fim

E estamos aprisionados nessa roldana

E precisamos desse impulso miserável

Enquanto só queríamos tomar uma cana

É, a vida é mesmo um fardo

Mesmo que implore por sentido

E mesmo que o encontre

Ele não o preencherá

Sempre existirão as lacunas

E se desvendar alguma coisa

Lendo tarot e runas

Não me avise, pois não me interessa

Essa filosofia sempre me estupra

Quando me pego mais depressiva e frágil

E se eu não for ágil

Ela me enterra de vez

Eu ainda tenho liquidez

E talvez uma lucidez desgraçada

Que me torna esse ser desagradável

E quando o mando ao inferno

Tenha certeza que minha aspereza

É uma demonstração de carinho

Precisamos desse impulso miserável

Chamado vida.

E não, ela não é sagrada

Quanto mais caminho nessa estrada

Mais encontro o deus absoluto

O meu nada.