Vazia
Eu às vezes esvazio-me
De tudo, de todos, de mim,
Prendo o olhar nalguma nuvem
E me deixo ir com ela,
Para onde me levar...
Leve e vazia, pairo no ar,
Como quem sofre anestesia
Sem nada querer ou pensar,
Sem crer ou sem duvidar.
Misturo-me à brisa que passa,
Às folhas das árvores, à chuva,
Descanso na pétala orvalhada
Das pupilas de algum olhar.
Eu às vezes esvazio-me
De tudo, de todos, de mim,
E somente a poesia
De mansinho, eu deixo entrar