ENTRE VIVER E MORRER
Julieta de Souza
Morremos!
Sempre morremos...
A cada estação
A cada momento
A cada incessante batida do coração
que insiste
em pulsar pela vida.
A cada pulsação pela vida
Morremos!
Pois viver é morrer.
Cada movimento do coração
Contração, dilatação,
que forte,
tudo é morte!
Como para haver o broto
A semente tem que morrer
Nós também morremos ao nascer!
Nos é tirado o paraíso
preciso e seguro.
Como para haver caule grosso e vistoso
o broto deixa de ser
Deixamos para trás a infância
onde um dia teve importância
a magia e o bem querer.
Como para haver frutos
A flor tem que perder
sua efêmera beleza
morrendo e dizendo que a existência
tão leve
é breve.
Assim escorre a vida...
Doída!
Jovens deixamos de ser.
Isso é morrer!
Um tempo que fica para trás, que jaz!
Como a fruta também apodrece
para dar vez à semente,
assim também é a gente.
Morremos!
Adultos que um dia fomos.
Uma só vida?
Engano!
Pois em cada estação
uma vida diferente!
Um dia fui feto
no outro criança
fui jovem esperança
e adulto decerto.
Ao visitar esse mundo
Diferentes vidas vivi,
já chorei, já sorri,
já brinquei, já sofri.
Quem um dia me conheceu
na verdade
não acompanhou
as vidas que Deus me deu.
É claro:
Não me conheceu!
Apenas me viu
e sentiu
minha pulsação naquela estação.
Passou por mim
e achou
que eu seria sempre assim.
Que engano!
Pois a vida é
constantemente morrer
e infinitas vezes nascer.
Vida é transformação
que o tempo não segura
nem mesmo pelo breve momento de
se
ler
esse
poema.