Poema raso pra pessoas profundas
Não importa em quantas línguas eu escreva
O sentimento será o mesmo...
Oh não, caro leitor
Não vos enganei com esse começo poético
E não espere que o que se prossiga
Seja de um todo romantic
O que aflige essa poeta
Não são os males do amor
Oh, não!
Lidar com o amor é fácil.
Ou se sofre
Se desilude
e se recupera
com algumas dezenas de poesias nas costas
Ou se ama
se entrega
se é feliz
e isso gera algumas dezenas de poesias,
até que o amor se disfarça
e o poeta retorne ao alucinante desejo de amar!
Ah....
O que remói meu espírito
É não saber o que quero
Ser incapaz de entregar-me a algo
Envolver-me e lutar ferozmente
Por um objetivo.
Seja ele mínimo
Seja ele impossível
Sei que sou capaz de tudo
Mas inexplicavelmente nada me interessa
Nada envolve meus sonhos
Não tenho a avidez de alcançar algo
Não sei pelo que luto
Nem porque sigo em frente!
A poesia é uma conseqüência
E envergonho-me dela
Por ser tão crua e bruta
Mas, tão pouco anseio por refiná-la
Ainda não é o que quero!
A música
A dança
Os livros
O conhecimento
Todos me atraem e me envolvem
Em tantas cores que o arco-íris em que vivo
Simplesmente me eleva da realidade
Mas em cores não sou completa
Sou tela em branco
Sou rasa em muitas coisas
Porque não desejo me aprofundar em nada
Vivo minha vida na margem dos 20% de dedicação
Faço as coisas com esmero
Responsável
Mas faço por fazer!
Sigo sem saber por quê
Sabendo que poderia ser o que quisesse
Mas ansiando por nada
Ficando vaga, vazia, dispersa, superficial
E triste,
Triste poeta
Que em palavras rasas tenta alcançar pessoas profundas!