De manhã
...E chega-me o canto de um bem-te-vi,
Falando-me daquilo que pensa que viu
Enquanto nas sombras da noite.
Mostra-me o pó cintilante
De estrelas caídas na relva,
Resgatadas de manhã.
...E chega-me o sabiá,
Contando histórias dos ninhos,
As penas eriçadas de preguiça,
Seu canto elevado,
A saudar o sol...
Me fala de campos de trigo e laranjais.
...E chega-me a pequena cambaxirra,
Trazendo no bico um fio de madrugada,
Nas gotas dos olhos , promessas de luz
E pousada na haste de capim,
Me fala de gotas de orvalho.
E assim, chega-me o dia,
Encantado de passarinhos,
Esperando que eu desperte
Do meu longo e profundo sono.