NUVEM
Quando fui mar, tentei rasgar dois oceanos
e com esse plano, me perdi nas muitas rotas
das densas ondas de espumas fractais
que, urgentemente, devolviam os meus ais
Regurgitava o que do fundo revolvia
e dissolvia a razão tão de repente
sinceramente, não sabia mais se via
ou imaginava o que estava à minha frente:
Mais de dez vultos, embaçados, e falavam
em uma língua que, entender, não conseguia
mas insistiam com um sorriso convincente
e a viagem, a grosso modo, prosseguia
Quando fui mar, ralei a alma em rochedos
por aceitar a incitação de qualquer vento
- evaporei e aguardo, num céu de estio,
pra deslizar no curso de um perene rio. -
NUVEM - Lena Ferreira - março/13