Quem dá mais ?!
Ainda mantenho os olhos fixos,
o olhar tristonho,
a boca entreaberta
cheia de novidades e esperanças,
a palma da mão
segura de todas as certezas.
Ainda mantenho Deus e o mundo
no peito e nos bolsos,
a fé comprada e suas notas fiscais,
o enredo certo para todas as horas,
as bancadas, a polaridade invertida,
o sexo estranho,
tudo isso em pauta,
em pastas desordenadas
num processo de arquivologia e tédio.
Mantenho os ossos nas repartições,
mantenho o amor na gaveta,
traduzo meu genoma em poesias
desconcertantes...
Resta-me outro concerto
e outras peças,
o acaso que me sobrevém todas as noites,
o beijo que selamos,
o orgasmo cansado
e a preferência nas filas.
Quanto custa, mesmo ?!