Colher de tempo
Por tantas tempestades que corri
malparando um risco de raio
no ledice de ser consumida,
corpo, alma esbraseados.
A gana de consumir
o todo,
o tudo,
o absurdo,
mesclando
amargo,
doçura,
líquidos e
securas;
patenteando
o ponto exato do
cerne, expondo-o
em escaparates
de convicções.
E de tanto que partir e
revirei pra mim,
rasguei o chão
em ductos de
obsessão;
Pra frente,
aluvião,
paixão.
Atrás; canais
de lágrimas
afogando razões.
Reneguei o ensejo
de salivar os gostos
ao cair de boca na vida...
E ora... ora
sobeja este
tênue banquete
que provo com manha
e com gosto;
colher de tempo
pequena pro dedos,
escorrendo fios de molhos
que lambo, enquanto
o tempo se declina
em tomar-me.