PROCURANDO A ALVORADA DOURADA
A aurora busca agônica
Regalvanizar a clangorosa
Constelação dos girassóis democratas
Para tentar provocar
A fissão peremptória
Da imensurável e imperscrutável
Calota --- que aprisiona o coração do mundo
Na maninhez da lógica vil-metálica ---
Siberiando a alma e o pomar dos sonhos
Sabor de ambrosia com a textura dos grânulos jucundos da jaca.
Hoje testemunhamos
Cada vez mais dopados
Amazônias ou Austrálias
De osga e mármore
Eclodirem, grassarem,
Frutificando Armagedons
Por todos os rincões do globo cor azul-água
Onde impere-prospere a dinastia dos luminares primatas.
Ah,
A parte que mais vemos
Regozijar-se
É a da hodierna prole
Magnata de Ares:
A cada arroio ou florada
De sangue que irrompe
Das plagas
Quando uma alma
É ceifada
Pela tirania das armas,
Sordidamente
Um execrável
Sol de diamantes
Os potentados mercadores da morte
Abraça.
Enquanto isso,
No outro hemisfério
Do mesmo contínuo rio de infernos,
Estão os diviciosos monarcas da narcose
Criando um orbe paralelo
De Lokis, Pandoras e de esquizofrenia,
Dedicado a seus servos e a toda sua corte de vítimas.
Entretanto --- antes que tudo vire reino
Do sempiterno arvoredo ---
Carecemos introjetar o oxigênio
Do respeito, do amor e do Pégaso
Na principal rede de aquedutos do cérebro,
Enclausurado na masmorra de letargia,
Penitenciária de segurança máxima erigida
Pela galharda cepa sádica e morbífica
De hidras-sevandijas.
Ah,
Mas a liberdade, a sabedoria, a inteligência e a justiça etérea
Hão de se manifestar
Na forma de Odoiá, Oxum e de Minerva,
Libertando o céu da mente poética
Da ditadura de nuvens das trevas.
Assim,
Quem sabe por fim ---
Depois de tanto
Afã da procura ---
Encontremos a alvorada dourada
Orvalhando montanhas
De prata da lua
Em cada canto das humanas ruas...
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA