CENTELHA
E da centelha soprada no vão,
alastram-se vivências alteradas
e pensamentos vestidos de chuva.
Um pranto se enleia à chuva
e um riso prateia sol;
o riso prateia o pranto
que é chuva prateada de sol.
E enquanto se penetram chuva e sol,
a fruta do galho desprende-se
e espera a mordida dos olhos
doce e amarga, bela e feia,
doce e feia, bela e amarga,
doce e bela, feia e amarga.
Os olhos mordem a fruta, afinal...
Nasce o verso.