CENTELHA

E da centelha soprada no vão,

alastram-se vivências alteradas

e pensamentos vestidos de chuva.

Um pranto se enleia à chuva

e um riso prateia sol;

o riso prateia o pranto

que é chuva prateada de sol.

E enquanto se penetram chuva e sol,

a fruta do galho desprende-se

e espera a mordida dos olhos

doce e amarga, bela e feia,

doce e feia, bela e amarga,

doce e bela, feia e amarga.

Os olhos mordem a fruta, afinal...

Nasce o verso.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 25/03/2013
Código do texto: T4206634
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