FUI AMADO?
Fui amado?
Deveras!
Loucamente!
Amaram-me com aquele amor,
Que hora te vivifica,
Hora te faz doente...
E diante de ti,
O tempo era parado,
Horas, não eram horas.
Não havia.
E distante de ti,
O tempo se decorria,
Infelizmente...
E ao lembrar esse amor,
Agora não em saúde,
Mas doente,
Via-a caminhar,
E caminhavas...
E os cachos davam louros,
Os campos, rosas,
As aves, voos azuis anis,
E nas ruas, eram verdes tapeçarias,
Eram tapetes de flores,
Onde apenas lodo havia,
E, enquanto ascendia,
A Lua, branca,
Nas asas d'uma aragem branda,
A minha alma traspassava
Da minha vida para a tua!
Por que fui amado?
Não sei,
Ninguém sabe realmente
O motivo desse amor,
Que hora te vivifica
Hora te faz doente.
Quem o faz?
De onde ele nasce?
Talvez nascesse da terra,
Quando a terra se torna carne.
Ou da carne,
Quando a carne se faz alma!
Talvez nascesse da noite
Quando a noite perde o dia.
— Talvez venha de mim.
E da minha triste poesia...