Caso de Acaso

Da janela do meu quarto eu vejo o futuro refletido

Nas gotas das calhas, encardidas de solidão

No som dos passos abafados do silêncio

Sem nenhuma (quase nada) pretensão.

Mapas astrais que nunca vieram à tona

Por que não acreditei, nem me deixei levar

Pés nas nuvens, nos cacos da mente

Me esgueirando na parede pra não me cortar

Por que atitude não rima com coragem?

Por que silêncio não rima com afeição?

Por que não sangro quando me olho no espelho?

Por que não choro ouvindo essa canção?

Não posso negar, nem tudo dá pra falar

Não há linha reta num papel que trace

Dois pontos que se juntam no horizonte

Já que não há passo que não passe (por aqui)

Tenho meus olhos presos no monitor espiritual

Tenho um motor antigo, funcionando a base de soluções

Tenho medo de não me perder nessa linearidade

Linha no ar da idade, ao vento, sem decepções.

Por que nunca se sabe quando acaba tudo?

Por que o meu passado espelha esse futuro?

Por que o olho insiste em pular o muro?

Por que a luz não embarca nesse escuro?

Sei lá, culpo tudo no acaso.