PICADEIRO

PICADEIRO

O palhaço pinta o rosto pra mostrar sua verdadeira identidade

Ele representa fora do palco

Onde não enxerga nenhuma utilidade

Melhor ouvir o aplauso alto

Ao silencio da sua triste realidade

Quando por tinta seu corpo sorri

Ele engole sua lagrima

Pra alegria não sair

Então sua vida é o publico acima

Esquece do tombo, brincando de cair

Suas calças largas

Suas lembranças amargas

Atrás da maquiagem não há uma vida

Só flashes, lembranças vagas

Infância de ida e vinda

E juventude de culpas, agora pagas

Ouve-se então mais uma buzina

Uma torta na cara

Um amigo pintado que azucrina

Atrás de si um extintor dispara

Seu coração acelera, o cérebro libera adrenalina

Queria nunca tirar seu nariz vermelho

Sua veste engraçada

Seu andar desengonçado e sorrateiro

Ver a criança encantada

Ser sempre o Deus do picadeiro

Já que não pode, espera a próxima cidade

Novas pessoas, a mesma realidade

Sozinho tenta espantar a auto piedade

Mas o espetáculo nunca termina, pinta a cara, mas não é covarde.

André Cabral Costa

21/03/2013