VENTOS
Ventos abastados
Voam, de passagem,
Por sobre os telhados.
Ventos arruaceiros,
Arrastando latas
Por ruas silenciosas
Na noite que se tranca
Sob os olhos fechados...
Vento que desfaz
Muitas esperanças
Sem dó, navalhadas...
Penugens de almas
Que voam pelos ares
Quais flocos desabridos
De espíritos contritos,
Almas esfaceladas.
Ventos que não medem
E nem pedem licença...
Derrubam, sem pensar,
As portas fechadas.
*
Imagem: Ana Bailune
Imagem: Ana Bailune