Ambigüidade
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas amar,
Amar e esquecer,
Amar e malamar,
Amar, desamar, amar ?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar ?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa.
Amar a água implícita, o beijo tácito, a sede infinita.
Fernando Palhares
07/02/1996