De olhos fechados

A ardência deste toque no papel

Queima tudo o que minha garganta não diz -

Queima tudo aquilo que faz nós

Em minha garganta.

Isso! Isso mesmo!

Poemas vomitados...

Na verdade,

Os vômitos versados de um momento!

Aqui choro todos os prantos

Não derramados.

Aqui as lágrimas -

Que não molharam minha face -

Molham meus cílios cerebrais!

Na ardência deste toque no papel,

Derramo prantos que nunca chorei...

Tenho lembranças que nunca vivi...

Bebo saudades que nunca senti...

Eu tenho as coisas que sempre amei...

Versando as coisas que talvez não terei...

No solado de meu sapato,

Verás barro, lama, lodo...

Mas nunca verás lágrimas -

Pois serenamente piso o chão.

Quando encaro o espelho,

Vejo, em olhos que cabe em uma face,

Toda a vastidão do mundo

E todos os sonhos de uma porta.

Na verdade,

Os sonhos mais lindos são os das portas.

Toda porta tem um único sonho:

Ser esperança para todos que a tocam...

E toda porta guarda em si

A vastidão do mundo.

Nem um vidente sabe ao certo

O que verá do outro lado de uma porta.

Se bandeira engolira um piano

E o teclado ficara do lado de fora,

Eu engoli um relógio,

Mas não engoli o tempo.

Eu não engulo o tempo,

Nem distância.

Se há tempo - não pode haver distância...

Se há distância - não pode haver tempo...

Porém,

Na ardência deste toque no papel,

O tempo

O tempo

O tempo

É uma constante.

É tempo de ser tempo

Para ser dono do tempo

É preciso ver o vento

Que toca as cordas lisas

Fazendo o som das brisas

E roubando sentimentos.

Lunático...

Lunático e um papel:

Talvez não exista aí lua de mel,

Mas será um contato ardente...

E a posia nasce!

Eu sou um lunático sem lua

Que, casualmente,

Encontra o amor de diversas folhas...

Eu sou um lunático lunático:

Não tenho lua...

Não tenho o reflexo no espelho...

não choro lágrimas...

Não choro...

Sorrio, sorrio, sorrio...

De um momento incompreendido

Nasce o grande sonho.

De um momento indefinido

Nasce o grande sentimento.

Um poeta nasce, renasce e morre

A todos os instantes.

Na ardência deste toque no papel,

Nada é como aquilo que existe

Quando fecho os olhos.

O que mais quero eu na vida

Se posso fechar os olhos?

Fechar os olhos é fazer poesia...

Queres felicidade por um instante?

Fecha agora os teus olhos...

15/02/13

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 17/03/2013
Reeditado em 11/05/2013
Código do texto: T4194137
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