OLHOS EMBAÇADOS
Quanta poesia se esvai do mundo…
Nos olhares acinzentados e sem brilho
No coração sem magia que vaga infeliz
Não deixemos jamais que a poesia nos fuja
Que abandone o olhar despreocupado,
O olhar da criança pura…
Onde está a poesia dos olhares embaçados?
Talvez tenha se perdido com o tempo,
Tempo em que cresceram,
Tempo em que esqueceram,
Tempo em que abandonaram parte da alma…
Mas nós não…
“Somos apenas crianças mais velhas, querida”
Atravessamos o espelho…
Lembramos dos toques,
Dos olhares…
E das simples e encantadoras estranhezas
Vemos o outro mundo com um espírito rebento
Driblar as regras…
Fugir às tecnicalidades mórbidas e frias…
Sim, que o dia siga o ritmo da poesia
Que vire noite e volte a virar dia
Que alimente a lareira
Com as palavras livres e despreocupadas
Que a poesia aqueça nossas almas
E quem sabe…
Tire o fosco dos olhos embaçados
Que venham as reticências!
Mas não para omitir as palavras não ditas,
E sim, para inspirar aquelas ainda não pensadas
Sem jamais ter um ponto final…