Lenitivo
Nos olhos, pupilas de pedra,
na boca, um gosto de vento..
No peito, um antídoto certo
Para todos os tormentos.
Basta esse céu sobre mim,
E as cores aquareladas
De uma tarde, após a chuva,
Basta-me o dom da palavra...
Num canto, um canto de passaro
Enfeita a esquina da vida
Como um doce lenitivo
Para cada coisa perdida
E a poesia se espalha
Pelo fio da navalha
Que corta a corda que aperta
Soltando a voz que me falha.