Mal de amor
Seria cortar cabeças da Hydra de Lerna,
Converter ao vero amor, em desamor;
Viu por reais as sombras da sua caverna,
Nenhum pensador passar-lhe-ia a perna,
Pois faria seu insumo, da própria dor...
Enfermidade para a qual falta profilaxia,
doutor Cronos se esforça, faz o que pode;
mas, a febre é certa como é , a luz do dia,
mesmo se o fado pega peças e distancia,
às asas da alma, essa barreira implode...
Uns equilibram na corda outros, à sarjeta,
Quando seu anelo de amor acaba expulso;
Siso é racional, amor mama noutra teta,
Que bom seria, ter, sem tocar trombeta,
Quiçá, perder, sem precisar cortar os pulsos...
Os primeiros sintomas mostram mal estar,
Embaçando os vidros da alma, nas janelas;
As coisas normais parecem fora do lugar,
não poucos acreditam que há cura no bar,
Onde derretem-se como ao fogo, as velas...
Mal de amor é só um bem que cismou ficar,
Avesso, por esperar o ônibus noutro canto;
Tempo não cura, mas, consegue anestesiar,
Quem sabe, outro coração pra transplantar,
Quem passou isso sabe que dói, e o quanto...