Crime psicológico

Na divisa entre o tempo perdido,

E o tempo a viver, esse me sacode;

que não lamente o sonho esquecido,

só viva o porvir, sendo o que pode...

os deleites podados já não viçam,

os que hão de nascer, virão com tudo;

claro que as vozes do devaneio atiçam,

elas podem palpar o futuro, contudo...

cansei de ficar planejando o passado,

nenhum dos projetos saiu do papel;

acho que a vida pulsa do outro lado,

e não acredito mais em Papai Noel...

Desprezo e afeição não se misturam,

será desastroso se alguém misturar;

a vida sofrerá contaminação impura,

como vazamento de petróleo no mar...

O crime psicológico danou meus bichos,

E como processar ao culpado sujeito?

Se fui eu mesmo autorizei que o lixo,

Fosso posto na enseada do amor perfeito...

Fauna e flora da alma carecem renovo,

Ilusão fez estragos com sua queimada;

Muitas asas perecerem ainda no ovo,

restam as penas, da esperança alada...

P.S. Estarei fora até o fim da semana por razões de trabalho, retornando estarei retribuindo com prazer as gentis visitas. Uma semana abençoada a todos.