EMBAIXO DO CALÇADÃO...

Embaixo do calçadão da consciência dormem

dormem, dormem verdades:

são laranjas-terra.

às vezes, doem,

às vezes, deprimem,

às vezes, matam até.

Desfila-se então num carnaval denegatório,

nesse espetáculo, o ingresso é algo de menos:

a Saúde integral.

Calçadão largo

Calçadão prazer

Calçadão lembrança

Calçadão marketing cifrado

Discípulos de Max Weber recalcam o mal-estar,

afinal, o sistema não é o próprio fetiche?

- tudo não é agressividade?

- tudo não é destruição?

À mesa, sob teto de cebola,

Choram “caolhos”... Joães Hélios... Kauãs... e tantos outros...

Violências que cruz nenhuma simboliza.

Violências, violências geral,

suçuaranas sorrindo à espreita do bote.

O calçadão guarda silêncios do Ser,

vigia o oceano em débil arrogância.

Como borboleta marinha sem asas, és fina aberração.

Obs. Quem ainda se lembra do "caolho"? Tenho um poema publicado pela Litteris editora registrando a covardia da "Candelária". O Kauã acabou de ser estuprado, morto a pedradas e depois degolado por um outro garoto de oito anos. Como os dois não são filhos dessa elitezinha de merda (a "zelite" brasileira), a imprensa não deu a mínima. Com os meus botões filósofos eu concluo: estardalhaço e conteúdo, não poucas vezes, estão numa relação inversamente proporcional