Quando abrir a cortina
O hoje sorrateiro armazena as tintas,
O amanhã dorme e sonha com glória;
Desperto escolherá com quais, pinta,
Mais uma página de nossa história...
O ladrão assinala no mapa seus alvos,
O promíscuo ensaia testando sua isca;
As perucas sairão disfarçando calvos,
Aparências zelosas, mantidas à risca...
Braços repousam o trabalho espreita,
Pois o amanhã promete selar o idílio;
Os que escolheram a porta estreita,
Serão tentados a deixar o santo trilho...
O corrupto faz suas ligações perigosas,
“trabalha” hoje, para burlar o sistema;
Aluga alguns tecidos de cores vistosas,
os efeitos especiais de seu pífio cinema...
Álcool e drogas debatendo o problema,
De como fazer, para matarem bem mais;
Adolescentes riem montando esquema,
Que há de burlar a confiança dos pais...
O poeta inserido é refém, mas, atina,
Não pode fugir d’onde tudo acontece;
Resta esperar o amanhã abrir a cortina,
Para vermos, enfim, qual bunda aparece...