Aventura
Saio pra andar de bicicleta
Passam as pessoas…
Não percebem o poeta
Nem ligam pra coisas boas
Passam pela paisagem
Mas elogiar é viadagem
Preferem coisas à toa
Pedalando por meu caminho
Os carros e muros me cercam
Me sinto pequeno e sozinho
Concretos se dispersam
Corro e acelero mais
Mas sou apena um rapaz
E eles não me libertam
Quanto mais ando, menos vejo
Vejo as pessoas não se olharem
Nunca mais vi um só beijo
E percebo eles se espionarem
Foi-se embora a confiança
Entregam a foice à criança
E lhes obrigam a trabalhem
Passo e quase sou atropelado
Mais um que passa por mim
Nem me notam, pobre coitado
Se eu parar, será meu fim
Então um sinal fica vermelho
Dou ma olhada no espelho
Esta armado o estopim
A sinfonia já começa
Dezenas, centenas de buzinas
Estão me pregando uma peça?
Chega a doer, me azucrina!
Saio avoado bem na frente
Se cair, serei um indigente
E se morrer, será minha sina
Cadê a paz da pedalada?
O prazer de se exercitar?
Começou essa patatada
Só saio pra me aventurar
Pois pedalar hoje em dia
Requer maior energia
Terei sorte se voltar