Aventura

Saio pra andar de bicicleta

Passam as pessoas…

Não percebem o poeta

Nem ligam pra coisas boas

Passam pela paisagem

Mas elogiar é viadagem

Preferem coisas à toa

Pedalando por meu caminho

Os carros e muros me cercam

Me sinto pequeno e sozinho

Concretos se dispersam

Corro e acelero mais

Mas sou apena um rapaz

E eles não me libertam

Quanto mais ando, menos vejo

Vejo as pessoas não se olharem

Nunca mais vi um só beijo

E percebo eles se espionarem

Foi-se embora a confiança

Entregam a foice à criança

E lhes obrigam a trabalhem

Passo e quase sou atropelado

Mais um que passa por mim

Nem me notam, pobre coitado

Se eu parar, será meu fim

Então um sinal fica vermelho

Dou ma olhada no espelho

Esta armado o estopim

A sinfonia já começa

Dezenas, centenas de buzinas

Estão me pregando uma peça?

Chega a doer, me azucrina!

Saio avoado bem na frente

Se cair, serei um indigente

E se morrer, será minha sina

Cadê a paz da pedalada?

O prazer de se exercitar?

Começou essa patatada

Só saio pra me aventurar

Pois pedalar hoje em dia

Requer maior energia

Terei sorte se voltar

Walter Gandarella
Enviado por Walter Gandarella em 02/03/2013
Código do texto: T4168270
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