Meus amores reunidos

Reuni todos os amores que eu já tive,

Para um balanço na sala da memória;

mesmo esse que comigo ainda vive,

acho conveniente que também prive,

para aprender com os erros da história...

Cada um trouxe as fotos daquele tempo,

que pensava saber onde tava o xis do mapa;

quando meus credos tinham um só templo,

e nenhum aprendeu do outro, seu exemplo,

mudava o vampiro, mas era a mesma capa...

O torniquete do tempo, ao sangue conteve,

Sem conter essa verve que me fez infeliz;

Uma vez sanada a ferida que comigo esteve,

Aprendi que mesmo a amor que me teve,

Não deixou a felicidade criar alguma raiz...

Ao encerrar a reunião e tilintarem as taças,

Quedei sem rumo, narrando e vivendo a saga;

Vendo “amores” venais ostentando na praça,

Drummond já dizia, amor é estado de graça,

Graça é apenas dádiva, e com nada se paga...