EU OS SAÚDO, POETAS
Sou agora a vossa voz, poetas
Porque sou vossa voz e canto pra ti versos
Como o voo agonizante do último pássaro
Na garganta aberta do céu
A tecer o fim do dia e a escrever as linhas do crepúsculo
Na tristeza das tardes
Cada palavra que junto, eu a celebro
Em cada inspiração, eu os saúdo,
Meus poetas enclausurados em versos
Entre cortes e verdades
Sois vós e não sabeis a epopeia desvairada e improvável
Das trajetórias nada retilíneas
Das emoções que lambem
e acariciam o dorso da vida
Neste mundo perverso e quase sem amor
Eu vos saúdo nos cânticos
Onde cantais alturas e os profundos
Das almas e dos mastros
Onde ainda tremulam
As bandeiras dos sentimento refugiados!
Sois vós o lume da luz que guia as almas no escuro
Na imprecisão e dores do existir
Onde se pintam as cores esmaecidas dos sentidos
Nas paredes grafitadas onde a ilusão dança
Pouco percebida
E por ali rabiscam com as mãos vazias
E inquietas, a inspiração
Onde as esperanças renascem inutilmente!