Crisálida
Um dia, meu eu-borboleta voará
Para céus que não conheço
(Ou se conheci, deles não lembro.)
Um dia que não tardará,
E tudo o que sou
Poderá transformar-se em nada,
Ou em algo bem diferente...
A crisálida que me contém
Estará seca,
Esfarelar-se-há
Pelo que restar-me de sopro,
Ao meu último suspiro.
E sei que será em breve.
Talvez, eu tenha apenas
A deixar
O que me foi dado:
Meus versos,
Minhas letras,
E não pretendo lacrá-los
Em um coração fechado.
Por isso, eu os espalho,
Eu os solto, livres,
Como se fossem água,
Como se fossem vinhos de palavras
Para quem quiser beber.