APRECIA
Correndo só lá estava;
Passo a passo entre o manto de trevas;
No desencanto da vida minha;
Aquele sorriso já não me transporta entre as eras;
Nem me leva a infância;
Nem em parte alguma;
O sorriso esta morto;
Nem congelado esta;
Não pode voltar a vida;
Simplesmente faleceu;
Não aprecia mais as estrelas;
Não aprecia mais à nevoa enebriante;
Não aprecia o límpido som dos acordes maiores;
Não aprecia a bela arranhada selvagem;
Não aprecia mais a goela estridente;
Não aprecia mais o som dos gemidos ausentes;
Não aprecia mais aqueles tão bem arranjados arranjos de antigamente;
Não, seu pé não acompanha mais a percussão dos indigentes;
Ela não grita mais para os loucos;
Ela não grita mais para os bobos;
Ela não grita mais para os sem-marca;
Ela não grita mais para os sem-raça;
Ela não grita nem em quatro paredes;
Ela simplesmente não grita;
Ela nem mais respira como antes;
Ela não usa mais os pulmões antigamente usados;
Ela não reflete mais;
Ela rompeu o espírito ameno;
E matou sua alma libertária;
Esqueceu o ardor de ontem;
Silenciou o rugido antes em trevas douradas;
Escolheu o trono de plumas oferecido;
Se refugiou na capsula ardente;
Já não grita;
Já não fala;
Já não pia;
Só berra a maldita sinfonia;
Desgraça aquela sedutora menina;
Desgraça aquela sedutora mania;
Desgraça aquele aburra alegria;
Desgraça aquela pretensiosa simpatia;
Desgraça aquela doce mentira;
Por favor menina acorde desse sonho encantado;
Mal diga esse mundo dos palhaços;
Porque você não dispensa esses estudos exatos que já não fazem mais sentido;
Seja você, apenas você, e não esse reflexo pobre;
Seja você, seja nós, e cuspa na mente lordiana.