APRENDISADO

Nero, agora chego a admira-lo;

Tocar fogo em seu próprio império prestes a desabar me parece a ideia mais sensata no momento;

Um castelo ruindo;

Que mal há em dar uma força;

Quando o universo desconcerta sua grandeza;

Torres ameaçadoramente embreagantes;

Barreiras convidativas que chamam;

Estaria preparado para este desafio;

E quando cheguei... Cadê o império;

E quando conheci... cadê os alquimistas;

E quando enxerguei... cadê o visionário;

Naturalmente frustrado... A palavra é esta;

Não tem como fugir agora;

Não sei como enfrenta-la... Quando apresenta como única chance

Não eram homens...

Não eram animais...

Não tinham vida...

Eram de outro planeta...

Eram aliens...

Amavam tudo;

Aceitavam tudo...

Povo atordoado aquele;

Nunca imaginei tamanho absurdo;

Diante de tais zumbis;

Escondido entre os proclames;

Avisto um anjo torto;

Exatamente daqueles que vivem na sombra;

Mas de uma pureza estupenda;

Arrebatadora;

Aquele anjo era cintilante;

Aquele anjo absorvia luz;

Aquele anjo tão puro e belo de encanto;

Aquele anjo não toma partido;

Aquele anjo não tem partido;

Aquele anjo esqueceu como voa;

Ele perdeu as asas;

Ele perdeu a proteção;

Ele ainda não perdeu a paixão;

Ele absorvia luz;

Ele exalava paixão;

Ele não tinha nome;

Ela era apenas tudo;

Ela é tudo;

Oque é tudo?

Aquele anjo se fez castelo;

Aquele anjo se fez império;

Aquele anjo é o sonho;

A utopia ainda não virou lucidez;

A lucidez ainda não venceu o sonho;

Mas o castelo...

Ah... o castelo...

Ele parece ruir;

Ele parece queimar...

Ele parece frigir...

Nunca fui gauche;

Pelo menos nunca me senti gauche;

E por que anjo?

E por que vida?

Aquele anjo;

Aquela vida;

E por que Carlos?

Ela realmente tem o sorriso que...

Me lembra a infância...

Que me leva até lá...

Aquele anjo me fez feliz por um segundo;

Aquele anjo me fez feliz por um momento;

Aquilo acabou, apagou, sumiu;

E agora anjo, e agora alegria?

Você é feita do que agora?

Você é oque agora?

Pra que você serve agora?

por que?

por que?

por que?

por que?

Perguntas que nunca serão respondidas;

Sinto o cheiro do desencanto de Bandeira;

Sinto o ódio de Castro ao observar o navio;

Quero sua paciência Carlos...

UM homem passa...

UM burro passa...

E você anjo... Fica?

Perdi a vida, perdi o encanto;

Fechar o livro? Agora não;

Agora ainda não;

Novamente ébrio, exausto;

Morto... ainda não...

Não tenho medo dela;

E nem pretendo me entregar;

O coração guerrilheiro não deixa;

Ele não aceita;

Ele não se comove...

Ele é duro...

A terra não há mais... É a verdade;

Aprendi... Desaprendendo conviver com ela;

Ela é a única luz para as belas noites em trevas;

Tô acostumado enfrentas tempestades;

Aprendi a conviver na guerra;

Mas e o anjo?

Nem anjo torto é ainda;

Ele precisa aprender;

Esse anjo é diferente;

Parece que irá resistir;

Ela, o anjo precisa de um guia;

Não conseguirá atravessar o mar em chamas sozinha;

Tenho medo de sua agonia;

Tenho medo de sua ironia;

Esse anjo é diferente;

Esse anjo possui a tal da vida;

Tenho medo que esse anjo perca a vida;

Mas a vida...

O que é a vida...

A vida é uma triste melodia;

A vida é uma eterna luta pela vida;

Que sentido tem a vida;

Se não apenas a própria vida;

A vida... Um drink pela vida;

A vida é bela... Sim pode ser;

Mas pra quem, se faz a pergunta;

Para quem existe ou para quem persiste;

Penso logo existo... Essa é a mais ingenua mentira;

Quem pensa, não contempla a vida;

Quem exita não vive;

Admiro... Admiro os corajosos...

Fico aqui... Prostrado em meu pedestal;

E acho que sou covarde...

A ousadia de dias antes me fez covarde;

Temo pelo meu anjo...

Temo pelo seu caminho...

Admiro sua sobrevivência até então...

As almas não combinam;

Uma não encontra refúgio na outra;

Uma não consola a outra...

Não noutra alma...

Não noutra alma...

Não noutra alma...

Anjo você tem alma?

Realmente Manuel...

A vida é corpo...

A mente é só...

A mente... A alma... O sofrimento encontrasse lá;

Odeio... Ter aprendido a pensar;

Pra mim... não ouso manipular o outro;

Ainda acredito em... Naquele anjo;

Tenho de ter paciência;

Tenho de dar tempo à ela;

O anjo merece descanso;

O anjo... ingênuo anjo;

Solidão agora não... Necessita o anjo;

Tenha paciência... Por seu anjo;

Atualmente não confio em mais nada;

As vezes duvido do castelo;

Tenho raiva de ser direto;

Tenho raiva de ser tão quieto;

Tenho raiva de minhas brincadeiras;

Sem as quais não conseguiria viver;

Tenho facilidade em sorrir rapidamente... e só;

Ainda não aprendi quem sou;

Sei que nunca vou saber;

Fiquei feliz por estar mais sereno;

Mas aquele anjo é desconcertante;

Ela é um doce veneno;

Ouso inalar os vestígios daquele anjo;

Mas é inevitável fugir, é inevitável amar.