Alma feia

O vistoso mundo do faz de contas, lindo

Abduz ao Dudu, ouvindo Gangnam Style;

Look transado e sua maloca quase caindo,

o melhor é que o carro de som está vindo,

Anunciando a atração que tocará no baile...

O matagal que toma o pátio invade frestas,

Mas, ele olha longe com sua lente escura;

Por que perder tempo com bobagens destas,

Se o que curte mesmo, é o frisson das festas,

Nunca se acostumou com essa vida dura...

O detalhe incidental de viver em bairro pobre,

Não tolhe que se lance num voo sobre a Ásia;

Casou com a fantasia, pois, é muito mais nobre,

E só com ela queima os seus míseros cobres,

Dorme de costas pra realidade, funesta amásia...

A Terra coopera na feição de belas paisagens,

entretanto, não revida se a gente não semeia;

denuncia, aliás, omissão espelhando imagens,

daqueles que herdaram até, belas paragens,

porém, vegetam presos em suas almas feias...