FOI PELA POESIA QUE MORRI
( UMA LUVA CHEIA DE GRAXA !... )
Foi pela Poesia que morri de Amor
Fiquei prostrado no chão esperando
/ o Mar
suas gaivotas de espuma
totalmente alquebrado e desarticulado
sem ânimo para função nenhuma
Me sentia uma esponja uma ameba
amputada __ por causa das lâminas
/ do irrisório
dos pseudópodes
O quanto fiquei ali, não sei
Só sei que fiquei fiquei e eu nem
ali__ era um fato sem retrato meu se
/ ver
Morri Morri
Um vulto de mulher ( sorrindo )
/ apareceu e
nem eu
Foi pela poesia e sua flor __ só um
/ fato que se deu __ que
morri de Amor
Choveram sobre mim cobras raios
/ e lagartixas
e eu à espera de uma palavra de
Poesia fixa
Até que ( como nas histórias
/ de Ovídio ) me transformei numa
/ estátua
numa estátua viva __ fiz o maior
/ silêncio possível que só
/ o silêncio lavra
dúctil de tão morto __ mais vivi pés
/ na lama contornos de fumaça
como árvore que teima em ver o Sol
me levantei __ agora mais vivo que a
/ memória dos reis ( Infortúnios
/ passam... )
e calcei uma _luva_ cheia de graxa...