Devaneio Blues

Ando meio dó, num mi de um violão quebrado

Uma corda tensionada, um misto de incerteza

Com a esperança correndo atrás do pavor

Faço blues nonsense na minha cabeça

A razão não existe, serena, persiste

Em me deixar a margem da solidão

Sou procurado pelo caos que não vi passar

Sou desejado pela mente inalterada

Que não demonstra me gostar

A corda bamba que laça os passos surdos

O mergulho no escuro, puro, pulo o muro

Pra disfarçar o que eu não sou

Sentimentalismo barato de um bar às 3 da manhã

Retrocesso em excesso pra um sucesso sensorial

Abrir minhas asas quebradas e queimar ao sol

Ser o ícaro que não pude ser, em fins-de-tarde

Sem você, sem querer, sem vencer, sem perder

Outra vez amanhece a aurora da minha vida

Os sinais nem entendo se existem, se pintam

A entrelinha desse horizonte

O emaranhado me traga pra um provável sonho bom

E nesse bolero averso, posso me chamar herói da solidão

Nem sempre, pra sempre, escreverei o que posso

Nem sei se apareço, nesse recomeço, com um novo ator

Nem sei se percebe todo o meu apreço, meu ar galanteador

Nem sei se acontece, nessa teia que tece, cheia de torpor

Fim de história, abraço toda tua glória

Meu amor.