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Meus Desertos

Dias longos,
Grandes espaços marcados de passos
Áridos, quentes, abertos,
Noites frescas e ventosas,
Areias e rosas,
Sangue e esqueletos.
São assim, os desertos
Por onde me perco.

Há poucos oásis,
E no céu,
A lua tem cinco fases
(A última, sempre mais negra)
A saudade é uma nesga
De escuridão sob o sol.

Há cactus, espinhos e cobras
-Mas há as rosas,
Lembranças finas, vaporosas,
Que em tranças se estendem
Pelas dunas sinuousas.

São assim, os meus desertos,
Povoados de fantasmas,
Anjos decaídos
Demônios que me tentam,
E se encolhem, sofridos a um canto
Quando eu não os escuto...
E por pura piedade,
Eu às vezes olho para trás
E os ouço, por segundos.

São assim os meus desertos,
Luas, oásis, serpentes,
Anos desfeitos em segundos,
Uma sede remitente,
Sombras de cactus e versos
Bem no meio do mundo.



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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 17/02/2013
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