Onde está meu coração?

Meus olhos ainda queimam como brasa ardente em chama viva.

Meus dedos tremem e caçam uns aos outros como almas perdidas e abandonadas no abismo da solidão.

Os lábios choram e com eles a boca por um todo... Deixando as palavras inalteradas e presas no sentido passado.

As esferas obscuras, da neutra camada da realidade que se apresenta a minha volta, se colidem em um buraco sem fundo e minha mente torna a esquecer quem um dia fui.

O dia permanece Lindo com o céu acinzentado e um cheiro de lírios respingando por todo o campo de estrada.

Meus pés desistem de andar e não encontram o chão, minhas mãos, cansadas, repousam no vazio da inexistência que se estende no ar imóvel e fragmentado... Como se houvesse alguma maneira de quebrar a existência e o ar assim se fundira aos martírios da inexistência petrificada em cinzas.

As gotas açúcaradas de um mar de alegria, onde outrora habitava minha esperança, são levadas pela correnteza do vento frio e afogadas em um outro mar; o de dor...

E um jardim de folhas secas agora queima juntamente com meus olhos e meu sangue... Os sonhos, são os últimos vestígios das flores, as cinzas que encontram abrigo entre as ruínas de um pesadelo inacabado e afundado em pó.

Um último som e minha respiração, abafada pelos gritos que preenchem meus ouvidos, torná-se fraca... O mundo escurece de vez. Coloco a mão sobre o peito e percebo, onde está meu coração?