O Vento
Segui pela rua
sem me importar
Segui mesmo antes de notar que era ele quem me seguia
Erguia minha blusa
nos meus lábios morria
continha, contia, levando partículas
espalhando um cheiro, revelando rostos
mascarando olhares por entre o cabelo, mexendo o colar
deixando em desalinho o tempero
não nego
Segui como se fosse o último
Brinquei com suas curvas como se fosse a primeira vez
me envolvi como se o farol não fosse abrir
como se atravessar nem fosse mais necessário
Vi a roupa limpa no varal fazendo festa
Enxurguei o suor a rolar pela testa
Imaginei que poderia tudo
se fosse ao sabor desse divino estranho tempo
entre um ventar e outro
Quem comanda meu coração
Se esqueceu de avisar que o vento do amor é uma brisa
que levemente toca a pele, onde a paixão chegou como furacão
A porta bateu
O vidro da janela estilhaçou
O que aconteceu
A fúria de quem não conheceu o sopro do ventilador...
Jogue areia em meus olhos, ou beije-me a face
O tocar da vida está no respirar o ar
que sua boca solta
As palavras escrevem e tudo retorna no ar da graça
no meu ser nessa praça
esperando que os bons ventos te tragam
e renovem a esperança
de que amar não cansa
hummmmmmmmmmmm
o ventinho gelado... Vai chover, e as árvores já soltam seus galhos
Melhor eu me proteger
Do vento?
Não..
De mim mesma a seguir o vento
como se ele fosse o último!