O Vento

Segui pela rua

sem me importar

Segui mesmo antes de notar que era ele quem me seguia

Erguia minha blusa

nos meus lábios morria

continha, contia, levando partículas

espalhando um cheiro, revelando rostos

mascarando olhares por entre o cabelo, mexendo o colar

deixando em desalinho o tempero

não nego

Segui como se fosse o último

Brinquei com suas curvas como se fosse a primeira vez

me envolvi como se o farol não fosse abrir

como se atravessar nem fosse mais necessário

Vi a roupa limpa no varal fazendo festa

Enxurguei o suor a rolar pela testa

Imaginei que poderia tudo

se fosse ao sabor desse divino estranho tempo

entre um ventar e outro

Quem comanda meu coração

Se esqueceu de avisar que o vento do amor é uma brisa

que levemente toca a pele, onde a paixão chegou como furacão

A porta bateu

O vidro da janela estilhaçou

O que aconteceu

A fúria de quem não conheceu o sopro do ventilador...

Jogue areia em meus olhos, ou beije-me a face

O tocar da vida está no respirar o ar

que sua boca solta

As palavras escrevem e tudo retorna no ar da graça

no meu ser nessa praça

esperando que os bons ventos te tragam

e renovem a esperança

de que amar não cansa

hummmmmmmmmmmm

o ventinho gelado... Vai chover, e as árvores já soltam seus galhos

Melhor eu me proteger

Do vento?

Não..

De mim mesma a seguir o vento

como se ele fosse o último!

Gammy
Enviado por Gammy em 15/02/2013
Código do texto: T4141498
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