Passos surdos
Não ouço nada além de passos surdos
Na rua deserta são os meus passos que caminham solitários
Desamparados sempre pela solidão incerta.
As lágrimas que caem face abaixo
E perdem-se no asfalto morno de uma noite cálida
Fazem dos meus olhos, que observam a lua pálida,
Um triste riacho.
Os passos a nenhum lugar conduzem
A desertidão da rua é triste, fria e irritante
E a calma da minha solidão é desgastante.
Mas são frutos da bondade e lealdade que reluzem
Impedindo que a consciência e elas se cruzem
Em um desafio apaixonante.
A batalha interna é dolorida
Mas é muito válida a luta
Pois tudo nessa vida se disputa
E toda conquista é bem recebida.
Antes a derrota com persistência
Que a vã e falsa conquista
Feita apenas de aparência.
Cícero 03-12-93