Por que poeta?

 
 
Certamente, não por bens
De certo, padeceria fome.
Muito menos por prestígio.
Isso é fogo! E consome.
 
Ser poeta para mim...
É como voltar a ser criança!
E ter no olhar puro
Da inocente infância
O que a visão deturpada
Dos míseros ignoram.
 
É como se emprestasse
Os sete sentidos aos anjos
Para captar, ver e ouvir
Suprema límpida verdade.
O ser de tudo o que é,
Do éter à eternidade.
 
É constatar que,
No homem, as dores piores
Quais somem em labores melhores
Ao dar sentido a vida do ser.
A dor não é sofrer!
 
É certeza de grande alegria
Quando o pequenino poeta
Encarna o sentir-se deliciado
Com o peso dos versos confessos
Qual crisol de lapidação.
Ser poeta para mim
É caminho à perfeição.
(19/10/1996)