LEÕES E GAZELAS - A LILIAN REINHARDT
Junção, em um, de dois poemas de 1988.
Republicação no início da madrugada de 04 de fevereiro de 2013
No tempo em que o amor vinha a mim como flecha incendiária
a penetrar carne e alma
e o sangue era duas ondas harmoniosas
tudo era bom e tudo estava certo.
(É verdade que não me lembro
de quando jamais foi isso.)
"Ainda que eu fale a linguagem dos anjos..."
Espero, desde sempre, São Paulo,
que me venha a linguagem dos anjos
trampolim para o Amor.
Ainda que eu aprenda a linguagem dos corpos
todas as linguagens de todos os corpos
onde os corpos escondidos
"... mais abaixo dos subterrâneos?"
Enquanto o leão devorava gazelas na floresta,
no bar mais solitário da cidade
o boêmio reencontrava a amada
no profundo da taça
no desvão do seu Super-Homem
alguém relia Nietzsche
e se punha a olhar o mundo
da janela do sótão
e tudo estava bem
e tudo estava certo.
Ainda que eu comungue
com os paraísos da linguagem
com os vírus da linguagem
com as drogas da linguagem
Ainda que eu comungue com a linguagem
das águas e das árvores
das montanhas e dos pássaros
das cavernas e dos códigos secretos
Até quando águas
e árvores e montanhas e pássaros
e cavernas?
Que respostas os códigos secretos
para sempre calarão?
Provisoriamente
apenas a certeza
de que leões
continuam a devorar
gazelas na floresta
e enquanto isto possível
um mínimo de mundo
no mínimo do mundo
tudo estará bem
e tudo estará certo.
De dois poemas de 1988, com alguma reescrita na noite de 04 de maio de 2011 e republicação na madrugada de 04 de fevereiro de 2013.
04/02/2013 00:56 - Lilian Reinhardt
No princípio era o Amor e a ilusão incendiária a grande Arca e a viagem sobre as águas. Mas, ouvi que ainda que se fale a linguagem dos anjos...se não haver o Amor... mas, escureceu e no grande oceano interior iniciou-me a ARca a linguagem do corpo, aportei em minhas florestas interiores e me vi gazela, vi o deus-homem a reler o seu mundo do cume de sua árvore de concreto como se fora a verdade de todos, e, aportei insólita no cais da minha linguagem, do que havia em mim, eu árvore, montanha, pássaro, terra amanhecida ,continuei silenciosa buscando o que havia perdido pelo caminho, e vi que este silencio da minha viagem secreta selava-me ,eu, minha raízes, meus sulcos, assim no princípio...havia a linguagem dos anjos,mas os lobos continuam a devorar gazelas, ainda não foi encontrada a palavra perdida.......................................................Querida Zu, honrada com a maestria desta parábola poética de tua alma. Emocionada, muito obrigada, NAMASTÊ!!!
Para o texto: LEÕES E GAZELAS - A LILIAN REINHARDT (T4121924)
A tua viagem poética ficou muito, mas muito mesmo, mais bela do que o poema. Uma honra para mim receber esta tua viagem em minha página, querida Lilian. Namastê.
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