As Vezes Nunca

Vejo os caminhos que voltam ao mesmo lugar, e não me dão direção

Ando caindo nas altura da noite que mesmo sem razão, demoram pra passar

Não é mais do mesmo, são novas perspectivas da ótica externa, mas tudo continua rolando por aí

E se acharem que eu tô sem saco, que a dúvida não é doída,

que os relógios não sincronizam a alma da canção...

Tudo mais do mesmo da nova canção que nunca ouvi

Tudo semelhante às de sempre que nunca vi

Reviravoltas, as revoltas, antes de dormir

O conto do faroeste que nunca nos deixa ir (embora)

As vezes nunca parece uma eternidade

As vezes parece que não dá pra seguir viagem

As vezes sempre rola um precipício

Uma decaída pr'um outro vício

O jornal já não me emociona, o gramado riscado também não

Se essas cores combinassem, seria pretensão

Já não me identifico com as coisas que eu faço

O melhor de tudo, num simples traço

Se você achar que eu não sei o ditado

Se você acreditar nas marcas do passado

Nem sempre fica o que foi deixado

Nem sempre o que sobra é o resultado

As vezes nunca sei o que fazer

As vezes nunca tem que se matar ou morrer

As vezes sempre é difícil enxergar

Além do olhos, além do mar (de ilusões)

Nem todos parecem sensíveis ao final do dia

Nem todos aparentam incapacidade

Nem todos escolhem as mesmas canções

Nem todos vivem na mesma realidade

Nunca se sabe o que pode vir acontecer, antes de ontem

A diferença é que não há mais fome (de viver, ou há?)

Palavras não gastam sinais, sinais não dão pro gasto

Mas temos que nos contentar com os fatos

Ás (de Copas) vezes nunca posso acreditar

Ás (de Espadas) vezes nunca eu me peço pra encarar

Ás (de Ouros) vezes sempre é muito pior

Mas só assim eu posso tentar o melhor

Nem sempre vai....

Nem sempre volta...

No final, o que é que sobra?