Cá com meus botões...

Escutem! meus botões da camisa!

Será que alguém precisa

Ser manhoso como eu o sou?

Ter carinho sem ceder?

Ter, mas fazer crer não ter?

Ser egoísta e fazer sofrer?

Olhem cá, seus redondos de olhos furados!

Será que sois cegos e não vês o estrago

Dos próprios tragos deste cigarro?

Não vês que o desamor que me ponho à volta

Retorna a mim com uma escolta

A proteger-lhe a integridade

Pra preservar essa minha maldade?

Rodas de nylon, que desperdício!

Tua indiferença a esse meu vício

De rechaçar os meus sentimentos...

Vocês me imitam quando me fecham

Quando me isolam dentro de panos

Tão frágil ao fogo apesar dos anos

Copiando em mímica meu coração

Não sabem nada do que se passa

Não têm idéia do que é a trapaça

Das entrelinhas dos versos vãos

Melhor seria não consultar-lhes

Sequer a vós sobre quaisquer males

Viver sozinho essa discussão