lapso criativo
Quisera uma poesia que nascesse pronta,
Contra essa inércia criativa que aprisiona;
Monotonia infindável cansativo mantra,
Martelo o prego criativo, e ele não entra,
O talento deve estar bêbado na zona...
Encaixo meu lego e não formo nada certo,
Anelo poético é meu, mas inspiração é dona;
Canso exausto desse meu brinquedo torto,
Na longa via estética o talento fica curto,
Ou será apenas o peso do labor vindo à tona...
Ainda amo, e a musa bela, dorme bem perto,
Mas, contida na amarra que lha aprisiona;
Realidade é mísera e o sonho mui farto,
Até sinto cá comigo algumas dores de parto,
Shreck segue no pântano e na torre a Fiona...
A sina enche o saco como o burrinho falante,
Posto dizerem que é a dor que a poesia abona;
Só que sua impertinência é morna e silente,
Que mesmo um gajo destro de coração valente,
Se não tomar cuidado acaba indo à lona...