Injustiças a Parte, Justiça Seja Feita

Ando mal, mal vestido com os cabelos caídos em ombros que não são meus

Ando cambaleando, desmistificando velhos hábitos de um semideus

Mesmo atravessando pontes que nunca tem um fim

Mesmo que o fim de tarde seja tão doce e inexperiente

Quanto um filme ruim

Mesmo asfaltado corroído, despercebido pela chuva de que não aconteceu

Mesma festa perdida, aturdida visita de um rumo que é só teu

Ando tentando trazer a tona sintomas de escuro clarão

Ando regredindo um progresso mais-que-sincero

Só pra te chamar atenção

Injustiças a parte, justiça seja feita

A vontade existe numa batalha que mal começou

Verdade seja dita, dito e feito, compreensão

O muro ruiu, estamos sozinhos e ninguém atacou

Sobrevida em meio ao vício, tarô, yoga, meditação banal

O fim de mundo de todo dia, e eu ando tão normal

Restos inteiros de olhares deixados de lado por um amor que se perdeu

Restos apagados com o vento que trouxe a ansiedade

De quem nunca cresceu

Céu nublado por nuvens, nuvens carregadas de tremendo pavor

Terra árida e devastada, vasta imensidão do meu interior

Abaixei as armas da guerra santa contra a solidão

Abaixei os olhos, levantei os braços e desejei apego

A quem me dá razão.

Injustiças a parte, justiça seja feita

A vontade existe numa batalha que mal começou

Verdade seja dita, dito e feito, compreensão

O muro ruiu, e tudo isso (quase nada) foi o que restou.