É Na Alma


É só na alma, 
Na branca paz da alma,
Na calma,
Ou na calda quente,
Fervente da alma,
Que desabrocham,
Ascendem,
Revelam-se...


É só no sangue,
No vermelho mais rubro,
No escuro,
Na luz viva
E ativa
Da alma, 
Que eu me desaguo...

Não é o número
Dos meus passos,
Ou de minhas sílabas
Que determinam
O que me determina!
É só a alma,
Aquela parte de mim
Que está entre o ir
E o ficar,
O dizer
E o calar,
O morrer
E o viver,
O acordar
E o sonhar!...


Sempre no meio,
Um pé no chão,
Outro na lua,
Um pensamento cúbico,
Outro pensamento súbito,
Uma nesga de treva
E outra nesga de luz!
E tudo vem da alma,
Esse lago que não seca,
Que não seca jamais!

É de lá que eles vem:
Os meus poemas,
E de nenhum outro lugar
Que tu ou qualquer um
Queiram nomear!


*

 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 28/01/2013
Reeditado em 09/12/2020
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