O SOPRO DO VENTO
O vento ainda sopra
E sopra no coração
Dos refugiados
Sopra...
Na revolta dos condenados
Sopra...
Na vontade de justiça
Sopra...
Como uma imensa ventania
Que ao passar leva tudo consigo
Só não leva o sofrimento
Dos que aqui ficam
Sopra...
A cada dia, mês e ano
Sopra...
E sempre irá soprar
Sopra o lamento
Dos povos sofridos
Perdidos de sua própria
Essência
Essência
Que lhe foi tirada
Identidade
Que lhes foi apagada
E apagada, como se fosse
Uma mancha
Hoje o vento
Sopra...
Mas sopra em rumo
A liberdade
Liberdade essa de ser
Quem somos
De nos assumirmos
Enquanto afrodescendentes
E acima de tudo
Enquanto negros!