DÚVIDA AMIGA

Incógnitas, variáveis, incertezas, hesitações…

Infinitas possibilidades e interrogações que surgem de uma vez só

Confundindo o espírito fraco pelas situações, pelo tempo

Confundindo a mente inebriada pelo caos do momento

Interrogações que assolam desde o mais pobre espírito insensato

Até aos espectros minguantes pelos víveres abstratos

Sim!

Interrogações!

Como as prefiro às frias e tediosas respostas e certezas de tudo

Que arremedo de projeto vivo seríamos com todas as respostas?

Se soubéssemos o nosso rumo,

O nosso destino?

Ah, mas que desagradável seria burlar todas as caóticas variáveis da vida

Não sentir o frio na barriga do salto incerto

Não se perder nos caminhos tortos e sombrios

Não ousar no deliciosamente arriscado

Não fazendo aquilo que o âmago manda e que a mente desaprova

Não sonhar com o impossível

Não, não quero certezas no meu caminho

Não, não quero respostas despejadas em minha face,

que me impeçam de sentir o interessante gosto de arriscar,

De sonhar…

Não quero os pés no chão a todo momento

Visto minhas asas quando quero

Não quero traçar um rumo certo

Prefiro aquele rumo cheio de incertezas

Um caminho estranho e misterioso

Que me encanta em seus segredos

Seus mistérios

Prefiro abraçar a dúvida

Mas a abraço com cuidado

Gosto que esteja por perto

Me fazendo suspeitar do mundo

Mas que fique em outra sala, longe do medo

Que estes não se encontrem

Não se conheçam

Se o medo e a dúvida se amigarem

Nos porão grilhões

Farão perder com o medo de arriscar

Perder mais que o pulo em falso

Farão pensar na tristeza e decepção

Não temam a dúvida!

Abracem-na!

Vivam-na!

Sintam sem medo o júbilo do caos e incerteza do cosmos

Duvidar do mundo

Da existência

Do futuro

Do ser e do estar

Estar incerto

Confuso

Duvidar

O que é isso senão o mais simples e belo ato de viver…

De sonhar?