No canto onde me escondo não há lume
Mesmo assim posso ver minha casca
Dum nigérrimo betume
E isto dá-se por procurar por todo canto e não encontrar meu verso
Ou quiçá por encontrar-se assim
Tão disperso...
Minh’alma é imagem desta estranha paisagem
A casca num sombrio movimento,
Como corvos tristes se desfazendo...
E do canto onde me escondo
Busco com os olhos um outro canto
Um canto que afaste a morte
Um canto que me conforte
Porque aqui o vento é muito forte
E minha poesia desfaz-se em muitos pios
Guarda dos ventos frios uns arrepios
E ora por onde ensaio meus inúteis passos
Vejo tão somente uns parcos pedaços
São papéis que voam ao léu...
Na ação minh’alma inda mais se encarde
Como fora próprio do verso o nigérrimo betume
Como fora próprio do verso este negrume...
*É verão ,inda assim meu verso insiste em hibernar...
Verso dormente,
Verso doente...