Inferno Ateu

Passos silenciosos no grito das ruas

Vozes entoando um canto profano

Cabeça pesada de lamúrias sem explicação

Que vão e voltam, num badalar soturno

De 12 horas infinitas desde meses a fio

Não existe inferno para ateístas

Portas rangendo num interior sigiloso

Tronos empoeirados num porão de saudade

Cálices envenenados pela última canção

Que não cessa, num loop incoerente

De 5 minutos infinitos desde meses a fio

Não existe inferno para ateístas

Cadeiras movem sem noção de espaço

Filmes passam outra vez por aqui

Transtornado, o meu pé não aceita o chão

Quebrada, minhas asas não voam mais

Nessa mesma caminhada incessante

De meses infinitos nessa noite artificial, por um fio

Não existe inferno para ateístas

Não existe humanidade para uma solução

Não existe uma nova onda para ascensão

Não existe coro em meio aos fiéis

Não existe água pura para molhar os pés

Simplesmente não...

Não existe inferno para ateístas.