Na Contramão

Pensamento estranho enquanto passa toda a massa

Manhã estranha, passos na mesma direção

Ou estranha estou eu? Indo ao contrário?

Estranhos pensamentos de falta ou de resto

Ou é a vida que tão breve me está passando

Desapercebida diante dos olhos, apressada?

Enquanto eu, tão acostumada, vivo

Sempre o mesmo dia, vários dias seguidos

Na ilusão em que muitos vivem

De que tudo ficará bem conforme o tempo chegar

E acostumados, rotinizados só sabemos esperar

Pelos tais dias melhores

Mais um rosto na multidão disforme

Não quero, não posso ser apenas mais uma face

Desconhecida, igual, tão plural, tão possível?

Eu não, eu quero a eterna novidade!

Caminhar na contramão dessa massa

Capitalizada, alienada ao ter e não ao SER

Quero apreciar os dias, ver a alvorada das manhãs sem pressa

Amar sem ter hora marcada

Sonhar sem ser chamada de tola

Quero meus dias inteiros! Momentos à sós comigo

Pra depois querer gente, barulho, bagunça

Quero sorrir de alegria, chorar sem ter que dizer porque

Amar na beira do mar. Caminhar na orla da praia

Assistir a lua crescer, o sol alvorecer

Escrever realidades, viver fábulas e poesias

Adormecer, pelas tardes fagueiras, nos braços de quem me ame

Quero apenas viver!

Um dia de cada vez

Cada cheiro, cada gosto

Sem pressa, sem medo, de que tudo se torne em vão

Quero sair dessa roda viva

Caminhar devagarinho sem tristeza pelo que ficou

Ter pelo que lutar, uma ideologia, uma filosofia

Que dê sentido a tudo isso

Issos tudo, issos todos

Antes que acabem os meus dias!

Viviane Tavares
Enviado por Viviane Tavares em 18/01/2013
Reeditado em 18/01/2013
Código do texto: T4091485
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