As quatro estações

Mesmo vivendo em minhas memórias

vejo que continua morta.

Por acaso escapaste do papel

para procurar o céu?

Apesar do que já é passado

amanhã será outro dia desbotado

sem ter você ao meu lado.

As flores por você tocadas e percorridas

pelo vento de outono são levadas pela brisa.

Brisa que sopra e sopra

e na alma ameniza...

a colheita das vidas.

As rosas que um dia já foram o seu perfume

hoje estão sobre pálidas lápides sem expressão

metamorfoseadas em buquê contemplador vidrado.

Sonhos e mais sonhos no mar da esperança

são congelados e afogados

pelo temporal de inverno

de seu frio coração que invadiu a chama da lembrança

e apagou-a, deixando-me em repleta escuridão.

A tempestade passou.

E pelo arco-íris de uma visão o pombo da paz traz

acompanhado pelo cantar de pássaros que a primavera é presente.

É tempo de reconciliação.

E nessa harmonia espiritual invades a minha mente

e eliminas o que mais se sente:

o desprezo.

Vamos juntos de mãos dadas caminhar pelo nosso futuro rumo ao infinito...rumo à nossa união.

Pelo calor de um dia de verão realizado

raios reluzentes agora me reencontram.

Olho para cima sob este fundo azulado

e enxergo que ainda há muito mais para ser amado.

Bebo dos seus rudes meigos cálices cheios de amor

a cura da minha perfeição:

a solidão.

E sinto em meu corpo.

Ô antídoto, cura do meu veneno mortal sagaz.

Expelido de sua boca,

penetrado em minha língua

e em meu sangue invadido.

Ô sagaz mortal veneno que cura antídotos.

Que me leva a crer que estou curado.

O final do início junto com o início do fim se aproximam

e eu por ele sou conduzido.

E por mais que eu fuja eu continuo andando em círculos

voltando ao mesmo ciclo.

O tempo não perdoa

e muito menos a vida.

E pelo vento

a vida levou o tempo...

e se foi.

Victor Ricardo
Enviado por Victor Ricardo em 17/01/2013
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